quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Acidentes de trânsito provocam seqüelas irreversíveis

Mauro Nardini, presidente da ADFP: “O jovem não pensa. Bebe, se droga e pega o volante”Enquanto milhares de pessoas discutem o transporte seguro da criança no carro na Semana Nacional do Trânsito, que inicia hoje e segue até dia 24, o assunto é motivo de dor e sofrimento para uma boa parcela da população. Aqueles que, por alguma razão, tiveram envolvimento em acidentes graves e carregam até hoje seqüelas irreparáveis. Conseqüências estas que, em grande parte, poderiam ter sido evitadas, não fosse a imprudência e descuido ao pegar o volante. Elas podem custar caro.
Especialistas apontam que cerca de um quarto das pessoas feridas em acidentes de trânsito ficam com seqüelas importantes, como perda de movimentos, órgãos ou dificuldade de locomoção. As lesões decorrentes desse tipo de situação são de alto impacto e quase sempre vem acompanhadas de traumas graves. Todas as implicações são possíveis e, irreversíveis ou não, deixam sua marca.
De acordo com a ortopedista e chefe de residência da ortopedia do Hospital Cajuru, Giane Giostri, jovens com faixa etária entre 20 e 40 anos, em especial homens, são os que mais sofrem com traumas pós acidentes de trânsito. As lesões variam desde deformidades estéticas e funcionais, fraturas, luxações e graves feridas até a paralisação e amputação de membros. São seqüelas muito graves e, dependendo do local que atingem, o paciente pode não voltar às atividades habituais.
“A pessoa que se envolve em um acidente de trânsito certamente vai ficar incapaz temporariamente ou definitivamente. No melhor tratamento, são no mínimo seis meses de recuperação. Sem contar que, com qualquer outra complicação, pode chegar a mais de dois anos ou até uma impossibilidade de retornar. Por vezes, ele pode não voltar a ter a mesma função e o custo disso é estratosférico”, aponta a especialista.
Segundo a ortopedista, acidentes envolvendo motocicletas — em especial motoboys — são os mais comuns e também os que causam danos mais graves. Isso porque em sua maioria são jovens e audaciosos, que acabam abusando da sorte e da velocidade. “Jovens entre 25 e 30 anos, que usam motos, estão no pico dos acidentes de trânsito com lesões graves. Eles querem fazer tudo muito rápido e acabam em uma cama de hospital. É fundamental que a comunidade se sensibilize dessas questões e entenda que a prevenção é essencial”, disse a ortopedista.
A especialista pede ainda o auxílio da população em relação às leis, como a lei seca, e aponta que as campanhas têm de ser observadas. “Com essa lei seca, o número de acidentes diminuiu no início. Mas depois, as pessoas se acostumam e esquecem. E esses números já voltaram a crescer nos finais de semana. É uma questão de educação”, finaliza Giane.
O presidente da Associação dos Deficientes Físicos do Paraná (ADFP), Mauro Vincenzo Cláudio Nardini, aponta que a grande maioria de casos de jovens atendidos com danos irreversíveis provenientes de acidentes de trânsito acontece por culpa única e exclusiva deles. A adaptação a uma vida deficiente é muito difícil e muitos deles acabam se rebelando, por conta de uma imprudência boba.
“O jovem não pensa. Bebe, se droga e pega o volante, como se precisasse mostrar algo para alguém. Fala coisas do tipo ‘eu dirijo melhor bêbado’. Ele está vacilando e esse erro pode ser grave. Além de ficar com uma lesão para o resto da vida, não vale a pena. Lidar com a deficiência é muito difícil, requer tempo e aceitação própria e da sociedade”, conta Mauro, que ficou paraplégico em um acidente de caminhão há oito anos.
Ele afirma que na maioria dos casos que atende na associação, a pessoa envolvida em um acidente tem seqüelas graves, como a paraplegia. O processo de adaptação e de aceitação é lento, e mais demorado ainda quando a estrutura familiar se desmancha por conta da deficiência. “As pessoas não têm consciência dos graves danos que um acidente de trânsito pode causar. Se tivessem idéia, pensariam duas vezes antes de agir com imprudência. Uma cadeira de rodas não é um impedimento para que eu possa viver, mas as dificuldades vão muito além de não poder andar”, disse Mauro.
Ele completa pedindo aos jovens que observem e tirem proveito das campanhas de trânsito. Elas não são feitas a toa.
Fonte: Bem Paraná

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